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Foto do escritorRaissa Ferreira

A Visita (2015)

A Visita 2015

O found footage ganha uma nova cara com a cinéfila adolescente que quer filmar o primeiro encontro com os avós. Distante do amadorismo de outros found footage como A Bruxa de Blair, a jovem documentarista sabe as técnicas que quer usar em seu filme para parecer profissional.


Becca quer controlar seu filme, seus planos, suas entrevistas. Podemos ver claramente o contraste entre o início e o fim, a mudança na jovem diretora que começa seu documentário com planos afastados, tentando fugir do que é emocional. Seu irmão é o oposto, mesmo com Becca pedindo a ele um estilo mais clássico, Tyler é quem quebra esse controle da irmã, muitas vezes trazendo o humor para o filme. Na cena da entrevista de Becca em que Tyler controla a câmera e a entrevista, a imagem se aproxima enquanto a conversa se torna mais profunda e emocional, o oposto do que a irmã gostaria em seu estilo de direção.


O horror vem da estranheza nas atitudes dos avós e ficamos em dúvida de qual seria o problema com eles: se é algo sobrenatural, se é apenas um problema psiquiátrico ou da idade avançada, se ainda existem outros motivos ocultos. Tudo que envolve os avós é bizarro e desconfortável. Nos momentos mais aterrorizantes a câmera assume uma visão mais amadora e descontrolada típica dos found footage, é quando nossos protagonistas perdem o controle como no esconde-esconde embaixo da casa, no momento em que a falsa vó pega a câmera escondida e nos momentos finais quando o horror toma conta totalmente do filme.


O drama familiar, um enredo clássico de Shyamalan, é o motivador e condutor dessa história de terror. A mãe sofre com a separação dos pais há tantos anos, os filhos sofrem os traumas do abandono paterno e seus falsos avós levam como motivador para o crime a vontade de viver como uma família normal. Os jovens irmãos acabam enfrentando seus maiores demônios com a revelação assustadora dessa visita “esses não são seus avós”. Tyler supera sua paralisia e sua fobia de germes e Becca finalmente é confrontada pelo espelho. 


No alívio após o terror, ironicamente como Becca queria, a música tocada é a que a jovem diretora pretendia usar por ser a música favorita de sua mãe, deixando o filme ainda mais bizarro pelo contraste entre a melodia e a situação apresentada nas cenas.

A cena final traz o contraste que mencionei antes, se a primeira entrevista com a mãe era fria e distante, nessa última o clima é de emoção com a aproximação da câmera que antes era estática e o uso de uma trilha sonora que antes era ausente. O momento emociona principalmente quando a mãe diz para a filha não guardar rancor, seguido das filmagens entre o pai e os filhos ainda menores, um sinal claro, referenciando falas anteriores, de que Becca conseguiu perdoar o abandono.


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