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Foto do escritorRaissa Ferreira

Onibaba (1964)

onibaba

O cenário de guerra é talvez a característica mais importante em Onibaba, já que é por causa da guerra que os homens se afastam de suas mulheres e vilarejos e muitos acabam morrendo, abandonando essas mulheres à própria sorte. No filme parece que todas elas estão fadadas a destinos trágicos como os de nossas protagonistas sem nome.


É nesse contexto que essa mulher mais velha e sua nora aprendem a se virar assassinando samurais e roubando seus pertences para trocar por comida. Na expectativa que seu filho volte da guerra, a mulher conta apenas com a jovem para sobreviver. É um cenário comum que durante as guerras, mulheres do mundo todo precisem travar suas próprias batalhas para viver e manterem suas famílias vivas.


Quando elas descobrem que o homem que esperam está morto e não voltará, a jovem viúva começa a se envolver com o homem que conseguiu sobreviver e voltar da guerra. Isso causa desespero na velha senhora que sente que sua sobrevivência está atrelada à presença da nora em sua casa, para continuarem com os assassinatos e roubos que garantem o alimento diário. Por conta de sua idade, a mulher conta com ajuda de alguém para esses trabalhos e sem a expectativa de um homem voltar, sua nora é tudo que tem.

Desesperada para manter a jovem em casa ela conta uma história sobre o purgatório e o inferno, onde os pecadores sofreriam por seus erros. O folclore começa a criar vida quando a velha mata um samurai, tomada pela vingança da morte do filho, e rouba sua máscara de demônio, assumindo esse personagem para aterrorizar a nora e mantê-la longe do amante.


A ironia é que a senhora diz para a jovem que suas relações fora do casamento são pecados, enquanto todos os dias as duas matam e roubam. O moralismo que ela usa para enganar a jovem é tão bizarro quanto as aparições do “demônio”. Como uma maldição, a mulher fica com a máscara presa em seu rosto, como antes estava em seu antigo dono. Consumida pela raiva e pela vingança, sua face é destruída por essa mentira, tornando a mulher o verdadeiro demônio que fingiu ser.


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